Arqueólogos localizaram as primeiras ossadas humanas no antigo cemitério de escravizados descoberto no estacionamento do Complexo da Pupileira, no bairro de Nazaré, em Salvador. A revelação foi feita nesta segunda-feira (26), durante coletiva de imprensa na sede do Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Segundo a arqueóloga Jeanne Dias, coordenadora do projeto “Levantamento Arqueológico na Área do Antigo Cemitério do Campo da Pólvora”, os achados são um marco importante para a reconstituição histórica, cultural e espiritual de um local que permaneceu apagado por quase dois séculos. As primeiras peças encontradas incluem ossos largos e dentes, ainda sem imagens divulgadas por se tratarem de um patrimônio sensível.
As ossadas estavam enterradas a cerca de 2,5 metros de profundidade, em um solo ácido e úmido, o que comprometeu a integridade do material. Por isso, os fragmentos passarão por processos de conservação especializados. A descoberta confirma a existência do maior cemitério de pessoas escravizadas da América Latina, que pode abrigar restos mortais de figuras históricas ligadas às Revoltas do Malês e dos Búzios.
O cemitério foi revelado durante obras no estacionamento da Pupileira, local vinculado à Santa Casa de Misericórdia. Pesquisadores vêm trabalhando no mapeamento da área com o apoio de instituições científicas e do MP-BA. A expectativa é que o espaço se transforme em um ponto de memória e valorização da resistência negra na Bahia.
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